Cabelo sempre foi um tema pra mim 🫠
E falo assim, consciente do privilégio que me desviou da química, do calor da chapinha e da discriminação pela textura dos fios, enquanto muitas outras ali estavam. Esse texto é pessoal, e também um retrato da branquitude que me integra.
Cabelo é um tema na minha vida e há alguns dias me dei conta de que ao longo dos meus 31 anos, foi ele quem primeiro anunciou minhas versões que despontavam – todas conectadas à dança do feminino no meu estilo pessoal, na minha vida 🐚
Láaa bem pequetita, o sonho era cabelão na cintura – que nem a irmã, minha primeira referência de estilo. O sonho era também mechas, ir pra praia e voltar com trancinhas, pintar de cor colorida. Só que flopou 😬 Primeiro porque menina no interior mineiro de 5000 habitantes, imagina fazer o que quer no cabelo! Segundo, porque quando conheci a praia, já não me interessavam mais os tererês.
Depois, chegou a adolescência juntinho com a teimosia 😅 Eu não fazia ideia, mas o cabelão era uma homenagem à Livinha que voltava chorando do salão. Carnaval também rolava tingir com água quente + papel crepom – aôoo anos 2000 🙈! Na faculdade, shampoo tonalizante escurão pra dar um tchan na aparência. Também não fazia ideia, mas óh como meu inverno profundo já brilhava aqui ✨
Veio o intercâmbio no meio da depressão e, pela primeira vez após ANOS, voltei no salão pra meter tesoura. A ideia era “facilitar”, mas hoje percebo mais como um ritual de evocação do que restava de forças em mim. A armadura que formei por anos enfiiim se expôs. E como ela foi importante! 🔥
Larguei o Direito, mudei de profissão e meu cabelo se encurtava em linhas retas conforme me fazia nessa ~versão consultora~. Óh que beleza! Assim também me encontrei com a Olivoca pra sentir que seguia sendo eu mesma, apesar de tantas mudanças.
E tava bem bom continuar assim. Caminho conhecido, ainda que feito de dureza, é mais fácil, né?
Até que nos últimos meses, senti brotando uma vontadezinha de mudar novamente 🫣. Cussstei a cortar e, quando o fiz mais recentemente, estranhei. “Não acredito que lá vou eu passar por isso mais uma vez!” – não adianta, mudar no estilo tira a gente do conforto. E se tem uma coisa que aprendi é que não adianta brigar não. Quando manifesta aqui fora é porque MUITA coisa já aconteceu de dentro. Não existe possibilidade de desfazer o que já É 🍃
“Vou passar por isso de novo, várias e várias vezes. Isso é estar viva, afinal”. Isso também é habitar um corpo que sente, amadurece, se expressa e se veste. Só paleta de cores que não muda nessa brincadeira 🌈, mas o resto?! Ãn… Espera só pra ver!
Não sei se esse papo parece loucura pra vocês, mas eu sinto que uma nova Olívia desponta. Mais leve, integrada e entregue, tranquila com suas decisões e os caminhos que se abrem (ou se fecham) com elas 😌
Talvez daí a vontade de fios compridos – deixar fluir? Talvez.
Em termos de aparência, cabelo é nosso maior e melhor acessório, por isso mexe tanto. E (pelo menos pra mim) ele é também um “amuleto de estilo“, porque literalmente nasce de dentro & materializa cá fora a nossa essência, o dna – pra cada momento da vida, de um jeito diferente (ou do mesminho, se essa for você 🖤).
Que nem pontuou uma seguidora sobre a própria experiência: “A gente parece que vive a vida de outra pessoa, mas essa pessoa é a gente de outra realidade. Cê me entende?”.
Uh se entendo! É exatamente o que sinto olhando essas fotos 👆🏽
E você. Entende?
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