Quando criança, achava que universidade era coisa nova. Se nenhum dos meus adultos passaram por uma, só podia ser porque abriram depois, uai! – lógica de criança. Mês passado, achei engraçado o Lula sindicalista detestar “política e políticos”*. Me identifiquei. No movimento estudantil eu também sentia assim. Mal sabíamos que cada rodinha era plenária. E que o ranço, na verdade, era medo de não agradar por tomar posição. Pro Lula menos, talvez. Pra gente mulher, mais. Lá em casa, o certo era ~dever obrigação~ pra quem te ajudou. Depois de adulta, decifrei o nome pra “trabalho não-remunerado”. Porque do interior e menina, normalizado.
Há dias, dá pra acompanhar uma guerra ao vivo só rolando o feed. Dá pra chegar na janela e reparar de fora. Gente morta porque negra. No caso de Brasília, tanque fumegante na Esplanada. Mas tem Caetano, também. Pacote de café a 25 reais. Esse ano não teve carnaval… Não mesmo?! Vacina mata criança? Mas lembro do meu cartão cheio de carimbo… E sigo vivinha da silva com as marquinhas no braço. Tutorial de make (in)forma gente pra votar? Eu sim. Meus pais esperam demais que minha irmã e eu cuidemos. Será que, houvesse um irmão homem, esperariam dele também?
Ah sim! Chega aqui, xô te perguntar… Onde tá a política na tua vida?
Minha lista dos “mais ouvidos” no spotify revela que tenho me interessado mais por ela, ultimamente. Meu trabalho… Os quadros que botei parede. Um post de Shakira e Gabriel García Marquez, quentinho ali na pasta de salvos. Outro vídeo de cachorro fofino… Digo isso porque, depois de um encontro duro com Primo Levi**, suspeito entender que a política acontece nisso da gente ser gente. Se sentindo viva, principalmente. E que coisa desse tipo só pode florescer na beleza.
É político porque é bonito. É bonito, porque político. E pensar que só fui me dar conta disso agora… ai ai!
#política #beleza #poesiacuraalma
* tá na biografia do Lula, escrita por Fernando Morais.
** livro “É isto um homem?”, Primo Levi.
*** a imagem de capa eu catei lá no @sutilezatomicas. Um lambe num pedacim do muro de berlim.
Tatiane
Olívia, eu JAMAIS vou cansar de ler e reler teus escritos. Porque belo! Porque poesia e revolução, do jeitinho que a gente gosta. E eu amo amo amo que as vezes eu leio, e leio de novo, pra pescar quando a poesia soa mais forte que a revolução e preciso ler com calma… porque essa pausa e a calma, são política tb.
AMEI esse texto, e amei que ele ta dentro desse site lindo que construímos a 6 mãos & 3 mentes.
Olívia
Ah, Tati! Que delícia receber essa mensagem e saber que minhas palavras te tocam daí. Longe ou perto, estamos conectadas. Porque acreditamos nas mesmas coisas, porque lutamos para que essas mesmas coisas sejam reais nos nossos universos.
Brigada por sempre tá junto – e sim, esse site é o meu xodó da vida inteirinha! <3 <3