Meu trabalho acontece num fluxo inteligente: meses de marasmo e poucos orçamentos; outros de movimentação, encontros e clientes – inshalá 🙃. No vai-e-vêm, esse é um momento em que tô encerrando muitas consultorias (4 clientes, só nos últimos 15 dias) e isso me bota reflexiva. Fico orgulhosa dos looks montados; dos acervos sem pontas soltas; dos papos elaboradíssimos que temos – a essa altura do campeonado, minhas clientes estão mais do que preparadas pra desenvolvê-los 😎. E num processo mais individual, um letreiro pisca no meu horizonte:
“Meu trabalho, de fato, impactou a vida dessa mulher?“
Essa semana, recebi uma resposta – de um jeito sutil, mas bem poderoso.
Entendam: ela não veio em forma de feedback, armário organizado ou compras bem feitas.
Foi um espelho 🍃
Pela primeira vez nesses 4 anos de profissão, entrei numa casa sem espelhos – desses que refletem o corpo inteiro, sabe? 🤔 Talvez a ausência não importasse noutro contexto; mas como consultora, aprendi a exercitar meu olhar pr’além do que fisicamente vejo – ou não vejo, nesse caso. O fato de ser uma arquiteta me deixou intrigada: “como assim ela se esqueceu do espelho?”. Foi a última peça do quebra-cabeça que confirmou não se tratar de um esquecimento: minha cliente era arquiteta sim, e também mulher. Uma mulher plus size.
Diferentemente do que pensam, ninguém entra-e-sai ilesa da consultoria. Porque estilo encosta na superfície, através das roupas, e se aprofunda; tangencia nossas memórias e se mistura às dores que nos fazem gente. Porque aparência é um assunto latente na nossa história enquanto mulheres e, justamente por tocar essa superfície que é o corpo, as roupas podem significar opressão – se outra linguagem não nos é ensinada 😔
E aí voltamos ao causo.
“Tô sentindo falta de um espelho de corpo inteiro aqui, hein… Olha aqui na foto como o lookinho valorizou isso, isso e isso. Não seria massa enxergar tudo juntinho, ao vivo e a cores?” .
Alguns meses se passaram até eu retornar à casa dessa cliente, já preparadíssima com o celular em punho pra mostrar as composições. Foi especial tocar nas peças novas (amo! 😬), saber das marcas inéditas que apresentei e ela abraçou, os acessórios…
Maaas, a cereja do bolo me esperava atrás da porta: “Óh Olívia, agora temos espelho!” 🖤
Voltei pra casa impactada, pensando no significado do novo item – que não era uma roupa. Pensei no que foi preciso mudar de dentro pra ele aparecer naquela porta. E aí sim tive certeza da verdade que existe no meu trabalho.
Haaaja intuição, espiritualidade e terapia pra fazer acontecer, minha gente! ⚡️
Em tempos de instagram sei que já virou falácia . Mas como repito e acredito, todo jargão só se torna um jargão porque contém verdade:
Estilo é roupa. Mas é muito mais do que roupa.
Há alguns dias, descobri que ele pode ser espelho também.
